Título: The Big Bang Theory
Produtor: CBS
Exibição no Brasil: Warner
Temporada atual: sexta
Temporadas previstas: sete
O filme Revenge of the Nerds (A Vingança dos Nerds), de 1984, talvez tenha sido o primeiro filme cujos protagonistas são o grupo sempre retaliado das escolas: os nerds. De lá para cá, algumas coisas mudaram. Por um lado, há um pouco mais de aceitação por parte das pessoas em geral, e por outro, muitos que recebem esse apelido já não seguem o perfil clássico, mas realizam atividades que não eram comuns há alguns anos, e às vezes até desfrutam de certo prestígio no trabalho ou na escola. De qualquer forma, outros programas foram idealizados com foco nesse estereótipo.
The
Big Bang Theory é a série
atual de maior suceso junto
ao público, nerds ou não (o nome da série não faz referência
alguma a sua proposta). Ela retrata a convivência de quatro jovens
cientistas, sendo três PhD's e um mestre (que é sempre
ridicularizado por não possuir o título de doutorado), juntamente
com outros personagens, sendo o principal desses
Penny,
a bela vizinha de dois desses cientistas, pela qual um deles se
apaixona perdidamente.
Cada
um deles possui um perfil
cômico distinto que, juntos, harmonizam as tramas –
longe dos clichês americanos e humor pastelão.
Leonard Hofstadter é um
físico prático que morre de amores por sua vizinha Penny (uma
aspirante a atriz que apenas consegue emprego em uma fábrica de
bolos) e sofre de carência afetiva por sua mãe tê-lo criado como
um experimento científico. Ele divide apartamento com Sheldon Lee
Cooper, um físico teórico
destituído de qualquer inteligência emocional, incapaz de rir,
compreender piadas ou sarcasmo. É
o único que não tem interesse em mulheres. Edward
Wolowitz é um engenheiro judeu que mora com a mãe (que nunca
aparece na trama, apenas ouve-se sua voz) e galanteador inveterado
(embora suas conquistas não correspondam a suas investidas). Seu
grande companheiro é Rajesh Koothrappali, um astrofísico indiano
que, devido a uma síndrome rara, é incapaz de falar com mulheres, a
menos que esteja sob efeito de álcool.
Apesar
de os principais protagonistas serem nerds
típicos (inteligentes, loucos por ficção científica, péssimos em
esportes e relacionamentos amorosos), a
maioria das
tiradas não exige do público conhecimento em ciência – apenas em
algumas poucas situações. Normalmente
as piadas giram em torno do deslocamento social
do quarteto em
relação às demais pessoas
e sua visão de mundo bastante diferente. A
maioria se ressente por não serem “normais”, à exceção de
Sheldon, que se orgulha de sua autointitulada superioridade.
A
série desfruta de grande sucesso em vários países, e alguns atores
receberam importantes prêmios e reconhecimento. Curioso
é notar que, no Brasil, a série, quando exibida em canal aberto,
não durou mais que duas semanas (quatro
episódios no total), devido
à baixa audiência. Embora não se possa tirar grandes conclusões
do ocorrido, esse fato parece
denunciar ao menos algumas
coisas: o público
brasileiro, em sua esmagadora maioria leigo (eufemismo para
ignorante), se sentiu pouco à
vontade com personagens inteligentes (a que não estão acostumados a
encontrar na vida e, quando encontram, ridicularizam-nos por se
sentirem inferiores), sentindo dificuldade mesmo para compreender as
piadas mais básicas que nem exigem conhecimento em ciência. Talvez
eles não sejam muito diferentes do personagem Sheldon. Enquanto esse
anda sempre em dúvida se alguém usou de sarcasmo, nossos
telespectadores nunca compreendem o humor inteligente, indagando:
é para rir agora?
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