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domingo, 21 de outubro de 2012

Sugestão de série



Título: The Big Bang Theory
Produtor: CBS
Exibição no Brasil: Warner
Temporada atual: sexta
Temporadas previstas: sete






O filme Revenge of the Nerds (A Vingança dos Nerds), de 1984, talvez tenha sido o primeiro filme cujos protagonistas são o grupo sempre retaliado das escolas: os nerds. De lá para cá, algumas coisas mudaram. Por um lado, há um pouco mais de aceitação por parte das pessoas em geral, e por outro, muitos que recebem esse apelido já não seguem o perfil clássico, mas realizam atividades que não eram comuns há alguns anos, e às vezes até desfrutam de certo prestígio no trabalho ou na escola. De qualquer forma, outros programas foram idealizados com foco nesse estereótipo.

The Big Bang Theory é a série atual de maior suceso junto ao público, nerds ou não (o nome da série não faz referência alguma a sua proposta). Ela retrata a convivência de quatro jovens cientistas, sendo três PhD's e um mestre (que é sempre ridicularizado por não possuir o título de doutorado), juntamente com outros personagens, sendo o principal desses Penny, a bela vizinha de dois desses cientistas, pela qual um deles se apaixona perdidamente. 
 
Cada um deles possui um perfil cômico distinto que, juntos, harmonizam as tramas – longe dos clichês americanos e humor pastelão. Leonard Hofstadter é um físico prático que morre de amores por sua vizinha Penny (uma aspirante a atriz que apenas consegue emprego em uma fábrica de bolos) e sofre de carência afetiva por sua mãe tê-lo criado como um experimento científico. Ele divide apartamento com Sheldon Lee Cooper, um físico teórico destituído de qualquer inteligência emocional, incapaz de rir, compreender piadas ou sarcasmo. É o único que não tem interesse em mulheres. Edward Wolowitz é um engenheiro judeu que mora com a mãe (que nunca aparece na trama, apenas ouve-se sua voz) e galanteador inveterado (embora suas conquistas não correspondam a suas investidas). Seu grande companheiro é Rajesh Koothrappali, um astrofísico indiano que, devido a uma síndrome rara, é incapaz de falar com mulheres, a menos que esteja sob efeito de álcool.

Apesar de os principais protagonistas serem nerds típicos (inteligentes, loucos por ficção científica, péssimos em esportes e relacionamentos amorosos), a maioria das tiradas não exige do público conhecimento em ciência – apenas em algumas poucas situações. Normalmente as piadas giram em torno do deslocamento social do quarteto em relação às demais pessoas e sua visão de mundo bastante diferente. A maioria se ressente por não serem “normais”, à exceção de Sheldon, que se orgulha de sua autointitulada superioridade.

A série desfruta de grande sucesso em vários países, e alguns atores receberam importantes prêmios e reconhecimento. Curioso é notar que, no Brasil, a série, quando exibida em canal aberto, não durou mais que duas semanas (quatro episódios no total), devido à baixa audiência. Embora não se possa tirar grandes conclusões do ocorrido, esse fato parece denunciar ao menos algumas coisas: o público brasileiro, em sua esmagadora maioria leigo (eufemismo para ignorante), se sentiu pouco à vontade com personagens inteligentes (a que não estão acostumados a encontrar na vida e, quando encontram, ridicularizam-nos por se sentirem inferiores), sentindo dificuldade mesmo para compreender as piadas mais básicas que nem exigem conhecimento em ciência. Talvez eles não sejam muito diferentes do personagem Sheldon. Enquanto esse anda sempre em dúvida se alguém usou de sarcasmo, nossos telespectadores nunca compreendem o humor inteligente, indagando: é para rir agora?

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