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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Sugestão de leitura



Título: O Poder dos Quietos
Autor: Susan Cain
Editora: Agir
ISBN: 978-85-220-1326-5


  



Primeiro dia de aula. Você fica ansioso com o novo ambiente. Tanta gente estranha te dá nervosismo. Os grupos começam a se formar e você sobra, embora saiba que em algum momento irá conhecer algumas daquelas pessoas. Falar para um pequeno grupo parece uma tarefa digna de Hércules. Frequentar festas barulhentas exige a coragem de um mártir. Um fim de semana recolhido cultivando a própria solidão, em companhia de livros e pequenas coisas que te dão prazer são o ideal de divertimento. Você tem poucos e bons amigos. Embora não possua traquejo social, é um grande observador. Sua qualidade de bom ouvinte faz com que as pessoas desabafem com você. Problemas difíceis te seduzem, porque você sabe que, dedicando tanto tempo quanto for preciso, conseguirá solucioná-los. Se você se identifica com muitos desses traços, então está de parabéns, você é um introvertido.

A despeito do estereótipo de nerd, os introvertidos possuem características admiradas por muitos e que os levam a diversos lugares, alguns inimagináveis durante a infância frustrada. Em O Poder dos Quietos, Susan Cain – uma introvertida típica – expõe o fruto de anos de dedicação ao tema. São resultados de pesquisas, questionamentos, testes, histórias, tudo em busca da redenção do comportamento introvertido. O mundo hoje vive em clima de apoteose, como se tudo necessitasse de ações espalhafatosas. Os “populares” da escola desfrutam de direitos em meio aos demais alunos. Os universitários que gostam de brilhar em debates são tidos por inteligentes. Os funcionários que se envolvem em várias atividades unicamente para promover sua imagem são indicados para liderança. As empresas pregam que todos devem ser líderes, falantes e convictos. O que ninguém observa é que, além do aluno popular, está o discente estudioso que resolve por completo as listas de exercícios e obtém as melhores notas nos vestibulares. Para cada universitário verboso, há pelo menos um outro que desenvolve pesquisas que tem utilidade para o mundo. Por detrás dos funcionários que tocam o piano, há aqueles outros que levam o instrumento nas costas e sustentam a empresa com atividades sólidas. Embora as empresas valorizem seus vendedores, eles cuidam apenas em sair à rua com os resultados dos esforços dos que ficam nos laboratórios e escritórios criando produtos tangíveis.

Em seu livro, Susan conduz o leitor através de diversas evidências de que não há nada de errado em ser introvertido – embora a timidez, companheira quase inseparável desses, seja muitas vezes companhia indesejada. Pelo contrário. Muito do que há hoje no mundo nos foi dado pelas mentes de introvertidos, entre as quais destacam-se gênios em diversas áreas: Isaac Newton, Albert Einstein, Mozart (três gênios indiscutíveis sob qualquer análise), Marcel Proust, George Orwell (gênios da literatura, apenas para citar alguns), Steven Spielberg (um dos maiores nomes do cinema), Sergey Brin e Larry Page (criadores do Google), John Lasseter (pioneiro da animação digital e nome por trás de grandes animações, como Procurando Nemo, Os Incríveis e Toy Story). A lista é interminável.

À medida que se aprofunda na leitura, o leitor introvertido se descobrirá em cada página, como se fosse ele próprio ali descrito. Os fatos surgem como velhos conhecidos, mas agora sob um sentimento de libertação, pois sabe-se ser fundamentada cada reação do introvertido. É como se o livro fosse a voz para muitos, deixando claro que os quietos não são avessos a pessoas, apenas se sentem confortáveis com poucas delas. Assim como não é que não gostem de conversar, apenas não têm paciência para falar de amenidades durante longos períodos. Também não precisam de grandes eventos para se satisfazerem, sendo a simplicidade das coisas o bastante. Susan também traz informações valiosas a respeito de alguns traços estereotipados dos quietos. Será que são genéticos? Até onde vai o limite do caráter inato? Tem fundamento a imagem de que tímidos têm aparência física frágil? Será que precisamos ser mais extrovertidos?

Embora seja um livro destinado a chamar a atenção do mundo para os quietos, não preconiza de maneira alguma uma suposta superioridade do introvertido. Seu objetivo é que os dois grandes temperamentos, extrovertidos e introvertidos, aprendam a coexistir e a se completarem. Em especial, que os próprios quietos abandonem as dúvidas quanto a seu temperamento e abracem com prazer a compleição que possuem, fechando os ouvidos aos comentários infundados do mundo.

5 comentários:

  1. Boa análise. Ainda estou lendo, mas concordo com tudo que você escreveu.

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    1. Obrigado, Adolfo. Gostei muito do livro, me identifiquei bastante.

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  2. Muito bom texto josué, concordo. Realmente a diversidade de temperamentos e aptidões gera uma riqueza única. Muitas vezes não valorizamos os introvertidos, e desempenham papel fundamental em diversas áreas. É importante que os gestores entendam e possam alocar melhor cada perfil. Abraço.

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    1. É isso mesmo Eduardo. A maioria das empresas atuais procuram pessoas com um único perfil, que é o extrovertido. E pior que isso tem ganho força recentemente. Lamentável...

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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