Título: O Poder dos Quietos
Autor: Susan Cain
Editora: Agir
ISBN: 978-85-220-1326-5
Primeiro dia de aula. Você fica
ansioso com o novo ambiente. Tanta gente estranha te dá nervosismo.
Os grupos começam a se formar e você sobra, embora saiba que em
algum momento irá conhecer algumas daquelas pessoas. Falar para um
pequeno grupo parece uma tarefa digna de Hércules. Frequentar festas
barulhentas exige a coragem de um mártir. Um fim de semana recolhido
cultivando a própria solidão, em companhia de livros e pequenas
coisas que te dão prazer são o ideal de divertimento. Você tem
poucos e bons amigos. Embora não possua traquejo social, é um
grande observador. Sua qualidade de bom ouvinte faz com que as
pessoas desabafem com você. Problemas difíceis te seduzem, porque
você sabe que, dedicando tanto tempo quanto for preciso, conseguirá
solucioná-los. Se você se identifica com muitos desses traços,
então está de parabéns, você é um introvertido.
A despeito do estereótipo de nerd,
os introvertidos possuem
características admiradas
por muitos e que os levam a diversos lugares, alguns inimagináveis
durante a infância frustrada. Em
O Poder dos Quietos,
Susan
Cain – uma introvertida
típica – expõe o fruto de anos de dedicação ao tema. São
resultados de pesquisas, questionamentos, testes, histórias, tudo em
busca da redenção do comportamento introvertido. O mundo hoje vive
em clima de apoteose, como se tudo necessitasse de ações
espalhafatosas. Os “populares” da escola desfrutam de direitos em
meio aos demais alunos. Os universitários que gostam de brilhar em
debates são tidos por inteligentes. Os funcionários que se envolvem
em várias atividades unicamente para promover sua imagem são
indicados para liderança. As empresas pregam que todos devem ser
líderes, falantes e convictos. O
que ninguém observa é que, além do aluno popular, está o discente
estudioso que resolve por completo as listas de exercícios e obtém
as melhores notas nos vestibulares. Para
cada universitário verboso, há pelo menos um outro que desenvolve
pesquisas que tem utilidade para o mundo. Por detrás dos
funcionários que tocam o piano, há aqueles outros que levam o
instrumento nas costas e sustentam a empresa com atividades sólidas.
Embora as empresas valorizem
seus vendedores, eles cuidam apenas em sair à rua com os resultados
dos esforços dos que ficam nos laboratórios e escritórios criando
produtos
tangíveis.
Em
seu livro, Susan conduz o leitor através de diversas evidências de
que não há nada de errado em ser introvertido – embora a timidez,
companheira quase inseparável desses, seja muitas vezes companhia
indesejada. Pelo contrário.
Muito do que há hoje no mundo nos foi dado pelas mentes de
introvertidos, entre as quais destacam-se gênios em diversas áreas:
Isaac Newton, Albert Einstein, Mozart (três gênios indiscutíveis
sob qualquer análise),
Marcel Proust, George Orwell (gênios da literatura, apenas para
citar alguns), Steven
Spielberg (um dos maiores nomes do cinema), Sergey Brin
e Larry Page (criadores do Google), John Lasseter (pioneiro
da animação digital e nome
por trás de
grandes animações, como Procurando Nemo, Os Incríveis e Toy
Story). A lista é
interminável.
À
medida que se aprofunda na leitura, o leitor introvertido se
descobrirá em cada página, como se fosse ele próprio ali descrito.
Os fatos surgem como velhos conhecidos, mas agora sob um sentimento
de libertação, pois sabe-se ser fundamentada cada reação do
introvertido. É como se o
livro fosse a voz para muitos, deixando claro que os quietos não são
avessos a pessoas, apenas se sentem confortáveis com poucas delas. Assim como não é que não gostem de conversar, apenas não têm paciência para falar de amenidades durante longos períodos. Também não precisam de grandes eventos para se satisfazerem, sendo
a simplicidade das coisas o bastante. Susan
também traz informações valiosas a respeito de alguns traços
estereotipados dos quietos. Será que são genéticos? Até onde vai
o limite do caráter inato? Tem
fundamento a imagem de que tímidos têm aparência física frágil?
Será que precisamos ser mais
extrovertidos?
Embora
seja um livro destinado a chamar a atenção do mundo para os
quietos, não preconiza de
maneira alguma uma suposta superioridade do introvertido. Seu
objetivo é que os dois grandes temperamentos, extrovertidos e
introvertidos, aprendam a coexistir e a
se completarem. Em especial,
que os próprios quietos abandonem as dúvidas quanto a seu
temperamento e
abracem com prazer a compleição que possuem, fechando os ouvidos
aos comentários infundados do mundo.
Boa análise. Ainda estou lendo, mas concordo com tudo que você escreveu.
ResponderExcluirObrigado, Adolfo. Gostei muito do livro, me identifiquei bastante.
ExcluirMuito bom texto josué, concordo. Realmente a diversidade de temperamentos e aptidões gera uma riqueza única. Muitas vezes não valorizamos os introvertidos, e desempenham papel fundamental em diversas áreas. É importante que os gestores entendam e possam alocar melhor cada perfil. Abraço.
ResponderExcluirÉ isso mesmo Eduardo. A maioria das empresas atuais procuram pessoas com um único perfil, que é o extrovertido. E pior que isso tem ganho força recentemente. Lamentável...
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