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sábado, 16 de fevereiro de 2013

E assim se passou um ano...

Comemoração do primeiro ano do blog


Levei algum tempo para perceber que meus gostos e opiniões encontravam pouco eco nas outras pessoas. Finalmente notei que estava no grupo das minorias. Já quis ser diferente – o que, no meu caso, significaria ser igual [a todo mundo] –, mas sentia que isso não me faria bem. Afinal, aceitar-se é um dos caminhos possíveis para a felicidade, já dizia o antigo filósofo grego. Foi então que decidi reverter a situação e usar minhas idiossincrasias a meu favor. E foi assim que resolvi criar este blog.

As pessoas são o que são (ou como são) em grande parte devido a influências que recebem do meio. Gostam das músicas que a mídia lhes empurra, assistem aos programas que todo mundo assiste, vão a lugares que um famoso recomenda. Nesse ponto, tive uma particularidade: recebi pouca influência em minha infância e adolescência – entenda-se: li e ouvi pouca coisa a respeito de música, filmes, livros, etc. Todas as minhas preferências e conceitos (fora os princípios morais que recebi de meus pais) tive que construir por mim mesmo, ao longo dos anos. Isso, inevitavelmente, levou-me a discordar da maioria das pessoas, pois sabemos – seja sincero! – que muitos cantores/bandas aclamados não são lá grande coisa (por exemplo, o sucesso do chato e enfadonho U2 se justifica? Se alguém que nunca ouviu falar em Beatles ouvir suas músicas vai achar alguma graça?), assim como muitos escritores famosos valem pouco ou nada (já tentou ler Paulo Coelho? Eu já. Parei na quinta página).

Admito que ser incomum não é fácil. As pessoas estão acostumadas – e são adestradas – para lidar apenas com o semelhante. Apenas conseguem conversar com pessoas com as quais têm afinidade. E sabe por quê? Porque não conseguem aceitar o diferente – embora sejam teoricamente contra a discriminação. Porque não sabem o motivo de gostarem do que gostam ou fazerem o que fazem. Não conseguem argumentar – mesmo que amigavelmente – com alguém que seja diferente. A pessoa que pensa diferente sofre menos em cidades grandes, pois a probabilidade de encontrar afins é maior; mas o infeliz que reside em cidade pequena tende a não encontrar parceiros em suas escolhas. São muitos os que se amarguram com isso.

Foi pensando diferente que muitos homens que hoje são conhecidos – mas na época em que viviam eram desprezados – mudaram o mundo, como os responsáveis pela teoria heliocêntrica (você sabe que a Terra gira em torno do Sol, né? Mas se você, que engole tudo que lhe despejam, fosse contemporâneo deles, certamente zombaria também) e aqueles que estabeleceram as principais leis da física. Claro que não estou me comparando a nenhum deles, apenas quero deixar claro que o diferente de hoje pode ser o padrão amanhã – quando você, que tudo aceita tacitamente, será o primeiro a entrar na fila da aceitação.

E é esse meu calvário, que sigo desacompanhado e arcando com as consequências de não querer me juntar à multidão. Afinal, ser diferente exige esforço – de não aceitar padrões prontos, mas avaliar e criar os seus próprios – e coragem – para afirmar e manter sua posição perante os outros. Muitos não me entenderão e tantos outros nunca me aceitarão, mas meu compromisso é comigo mesmo. “Se não pode vencê-los, junte-se a eles” nunca será um lema para mim. A propósito, já notou que as pessoas sempre falam “o que importa é ser feliz”, mas vivem mostrando as opções que temos? Ora, devemos ser felizes com nossas próprias escolhas – sejam quais forem, em que aspectos forem –, e não escolhendo entre um ou outro modelo concebido pela sociedade. Pensar por si só é um grande privilégio, mas só será feliz aquele que tiver a coragem de fazê-lo.


PS: Como sei que é difícil lidar com alguém que apenas discorda de tudo, decidi, quando criei este espaço, incluir não apenas minhas argumentações pessoais, mas também outras publicações – digamos, mais amenas –, tais como poesias e sugestões de livros (um vício do qual nunca vou me libertar – e nem quero). Embora saiba que muito dessa publicação “extra” tem a ver com o conteúdo do blog (pensar diferente), não deixa de ser um contraponto à ideia original.

2 comentários:

  1. Acho que todo blogueiro deve partir do mesmo princípio que você, sabe, Josué. Geralmente, as pessoas que gostam de se expor em blogs (pessoais) são aquelas que estão procurando algum espaço para devanear seus pensamentos porque não conseguem encaixá-los nas pessoas do seu dia-a-dia. E quando isso é feito com dedicação, amor à palavra e sem procurar fazer do blog algo comercial, bem, acho que sai tudo perfeito.

    Parabéns pelo 1 ano de blog! :)

    Beijo :D

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    Respostas
    1. Obrigado, Larissa. Você sabe como é difícil manter um blog, mas, como você falou, com dedicação (y otras cositas más) a gente vai tocando nossos projetos :)

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