Comemoração do primeiro ano do blog
Levei algum tempo para perceber que
meus gostos e opiniões encontravam pouco eco nas outras pessoas.
Finalmente notei que estava no grupo das minorias. Já quis ser
diferente – o que, no meu caso, significaria ser igual [a todo
mundo] –, mas sentia que isso não me faria bem. Afinal, aceitar-se
é um dos caminhos possíveis para a felicidade, já dizia o antigo
filósofo grego. Foi então que decidi reverter a situação e usar
minhas idiossincrasias a meu favor. E foi assim que resolvi criar
este blog.
As pessoas são o que são (ou como
são) em grande parte devido a influências que recebem do meio.
Gostam das músicas que a mídia lhes empurra, assistem aos programas
que todo mundo assiste, vão a lugares que um famoso recomenda. Nesse
ponto, tive uma particularidade: recebi pouca influência em minha
infância e adolescência – entenda-se: li e ouvi pouca coisa a
respeito de música, filmes, livros, etc. Todas as minhas
preferências e conceitos (fora os princípios morais que recebi de
meus pais) tive que construir por mim mesmo, ao longo dos anos. Isso,
inevitavelmente, levou-me a discordar da maioria das pessoas, pois
sabemos – seja sincero! – que muitos cantores/bandas aclamados
não são lá grande coisa (por exemplo, o sucesso do chato e
enfadonho U2 se justifica? Se alguém que nunca ouviu falar em
Beatles ouvir suas músicas vai achar alguma graça?), assim como
muitos escritores famosos valem pouco ou nada (já tentou ler Paulo
Coelho? Eu já. Parei na quinta página).
Admito que ser incomum não é fácil.
As pessoas estão acostumadas – e são adestradas – para lidar
apenas com o semelhante. Apenas conseguem conversar com pessoas com
as quais têm afinidade. E sabe por quê? Porque não conseguem
aceitar o diferente – embora sejam teoricamente contra a
discriminação. Porque não sabem o motivo de gostarem do que gostam
ou fazerem o que fazem. Não conseguem argumentar – mesmo que
amigavelmente – com alguém que seja diferente. A pessoa que pensa
diferente sofre menos em cidades grandes, pois a probabilidade de
encontrar afins é maior; mas o infeliz que reside em cidade pequena
tende a não encontrar parceiros em suas escolhas. São muitos os que
se amarguram com isso.
Foi pensando diferente que muitos
homens que hoje são conhecidos – mas na época em que viviam eram
desprezados – mudaram o mundo, como os responsáveis pela teoria
heliocêntrica (você sabe que a Terra gira em torno do Sol, né? Mas
se você, que engole tudo que lhe despejam, fosse contemporâneo
deles, certamente zombaria também) e aqueles que estabeleceram as
principais leis da física. Claro que não estou me comparando a
nenhum deles, apenas quero deixar claro que o diferente de hoje pode
ser o padrão amanhã – quando você, que tudo aceita tacitamente,
será o primeiro a entrar na fila da aceitação.
E é esse meu calvário, que sigo
desacompanhado e arcando com as consequências de não querer me
juntar à multidão. Afinal, ser diferente exige esforço – de não
aceitar padrões prontos, mas avaliar e criar os seus próprios – e
coragem – para afirmar e manter sua posição perante os outros.
Muitos não me entenderão e tantos outros nunca me aceitarão, mas
meu compromisso é comigo mesmo. “Se não pode vencê-los, junte-se
a eles” nunca será um lema para mim. A propósito, já notou que
as pessoas sempre falam “o que importa é ser feliz”, mas vivem
mostrando as opções que temos? Ora, devemos ser felizes com nossas
próprias escolhas – sejam quais forem, em que aspectos forem –,
e não escolhendo entre um ou outro modelo concebido pela sociedade.
Pensar por si só é um grande privilégio, mas só será feliz
aquele que tiver a coragem de fazê-lo.
PS: Como sei que é difícil lidar com
alguém que apenas discorda de tudo, decidi, quando criei este
espaço, incluir não apenas minhas argumentações pessoais, mas
também outras publicações – digamos, mais amenas –, tais como
poesias e sugestões de livros (um vício do qual nunca vou me
libertar – e nem quero). Embora saiba que muito dessa publicação
“extra” tem a ver com o conteúdo do blog (pensar diferente), não
deixa de ser um contraponto à ideia original.
Acho que todo blogueiro deve partir do mesmo princípio que você, sabe, Josué. Geralmente, as pessoas que gostam de se expor em blogs (pessoais) são aquelas que estão procurando algum espaço para devanear seus pensamentos porque não conseguem encaixá-los nas pessoas do seu dia-a-dia. E quando isso é feito com dedicação, amor à palavra e sem procurar fazer do blog algo comercial, bem, acho que sai tudo perfeito.
ResponderExcluirParabéns pelo 1 ano de blog! :)
Beijo :D
Obrigado, Larissa. Você sabe como é difícil manter um blog, mas, como você falou, com dedicação (y otras cositas más) a gente vai tocando nossos projetos :)
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