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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Criatividade


“Sejamos criativos!”, proclamam aqueles que ganham dinheiro fácil com palestras vazias em empresas moderninhas. Apenas repetem mantras ditados por supostos gurus da criatividade. Gente cujo auge criativo foi desenvolver uma forma de ganhar bastante dinheiro à custa da falta de esclarecimento dos outros.

É inegável que criatividade é uma característica extremamente importante seja qual for a situação. Também não se pode dizer que o mundo seria o que é hoje se não fossem gênios criativos que surgem cada qual à sua época e em sua área. Mas o que certamente é discutível é o atual discurso de que todos podem ser habilidosos criadores. Dizem que basta responder a um questionário quando em face de um problema que teremos uma inovação. É claro que sempre podemos fazer as perguntas certas, mas isso não garante que obtenhamos as respostas devidas.

Várias são as teorias sobre inteligência, desenvolvidas ao longo dos séculos. Não vou discorrer sobre nenhuma delas, mesmo porque não há nenhuma que seja conclusiva, uma vez que não há como ter certeza de nada a esse respeito. Isso abre precedentes para que praticamente qualquer um tenha sua própria ideia do que seja inteligência. Eu mesmo tenho algo pensado a esse respeito.

Primeiramente, afirmo que concordo com a teoria das inteligências múltiplas de Gardner (até mesmo porque a idealizei antes de tomar conhecimento de que alguém já a havia estabelecido), mas em minha visão ela seria um segundo nível no universo das habilidades cognitivas. No primeiro nível estariam dois tipos de inteligência: uma assimilativa e outra criativa. A primeira seria responsável por permitir que uma pessoa aprenda coisas que lhe sejam ensinadas, enquanto a segunda possibilita que alguém crie algo que não existe (baseado ou não em conhecimentos e/ou experiências adquirido(a)s). Ora, qualquer um pode aprender os fundamentos da aritmética, mas nem todos poderiam desenvolver o cálculo diferencial e integral de Newton/Leibniz. Todos podem dominar seu idioma materno, mas bem poucos rivalizam com Saussure (fundador da linguística como ciência). Muitos aprendem a tocar um instrumento, mas quase ninguém alcança o status de um Schoenberg (pai do dodecafonismo). Todos eles foram gênios criativos que derrubaram barreiras em suas áreas para estabelecer novos marcos a serem ampliados por gênios futuros. Afirmar que qualquer um pode alcançar esses feitos é no mínimo irresponsável.

Obviamente, é possível estimular cada um desses dois tipos de inteligência. Inclusive é perfeitamente factível que uma mente comum aplicada com afinco supere uma mente brilhante ociosa. Mas devemos lembrar que isso é exceção, e não regra. Não podemos nos iludir que teremos ideias milionárias abraçando árvores (prática comum em palestras corporativas “criativas”). Embora importante, não se pode garantir que acumulando conhecimento de áreas distintas encontraremos a solução de grandes problemas – quanto de conhecimento é necessário para perceber que se pode utilizar uma garrafa PET cheia de água como lâmpada? Ou que basta alargar a abertura de um tubo de creme dental para aumentar seu consumo? O caminho mais fácil para a não-frustração é a conformação. Você pode até “descobrir-se” criativo, mas isso porque finalmente saiu do marasmo intelectual, e não porque seu cérebro de repente começou a fazer sinapses mágicas.

2 comentários:

  1. Josué,
    Achei bastante interessante sua reflexão e concordo em parte com muitas de suas opiniões.
    Eu gosto bastante de uma frase que um amigo sempre comentava tempos atrás: Mantenhamos sempre com nossos conectores ligados!!
    Procuro sempre estar com meu WIFI sempre "on" (risos) e principalmente com a capacidade de me surpreender com as situações cotidianas.
    Para mim Criatividade tem a ver com visão sistêmica e de como essa percepção pode agregar em áreas e assuntos totalmentes "dissociãdos"!!
    Quero dizer que gostei muito do seu post e espero poder interagir mais futuramente!!!
    Meu amigo Josu...Abraços!!!

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    Respostas
    1. Oi, Sylvia!
      Primeiramente, obrigado pelo comentário. Sempre é bom receber feedback :)
      Bem, meus conectores estao sempre ligados (se vc lembra o meu texto de despedida da algas, vai lembrar que percebo - e lembro - de mtos detalhes de td). Mas isso nao tem me ajudado mto, eheheheh! Tb ja estudei mtas coisas diferentes, mas tb nao tem surtido tanto efeito. Tenho um amigo com mto pouca instrucao, mas tem algumas coisas patenteadas, por isso nao acredito mto nisso.
      Sei que a integracao entre as areas eh fundamental, mas isso so eh possivel qnd ja ha alguem criativo para iniciar o processo.
      Fique a vontade para opinar aqui. A casa e sua :)

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