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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Pensando fora da caixa

Ao final do filme MIB (Men in Black) – um grande sucesso da década de 90 –, a câmera, em vista aérea, realiza um movimento ascendente, distanciando-se cada vez mais dos personagens. É mostrada então a cidade em imagem de satélite e logo os continentes e então a Terra. Esse movimento continua, exibindo o sistema solar e a galáxia. Então, subitamente, surgem ET's que “pegam” a Via Láctea e se põem a brincar com elas, como se fossem bolas-de-gude. Depois a depositam em um saco, juntamente com o que seriam outras galáxias (veja a cena aqui).

A ideia transmitida por essa cena do filme é clara: há muito mais coisas além do que sabemos. Na verdade, essa é a temática do filme (e de outros, a exemplo da trilogia Matrix). Um dos personagens principais toma conhecimento de que há vários alienígenas vivendo na Terra, assim como a equipe responsável pelo controle desses alienígenas descobre que há galáxias que cabem na palma da mão de um humano. Enfim, a temática do filme é: pense fora da caixa. Mas que caixa seria essa?

Podemos entender por caixa nossa realidade, nossas limitações intelectuais e culturais impostas por nossa apatia em ir além do que se vê. Somos conformistas, preguiçosos em pensar diferente dos moldes em que somos criados. Até faz sentido. Por que tentar mudar algo que “está dando certo”?

Esse lema tem ganho espaço no mundo corporativo (embora ali seja tratado nos limites da própria caixa do mundinho empresarial). É como contam: o vendedor de carroças foi à bancarrota porque não abstraiu o suficiente para entender que seu negócio era transporte, e não carroças, perdendo assim espaço para o automóvel. Pensar fora da caixa é pensar diferente, agir consciente e ir de encontro ao que é presente, descobrindo novas formas de ver o mundo e retratar a realidade. É desenvolver inventos e métodos novos em substituição aos antigos e pouco eficazes.

Pensar fora da caixa não é ler Ulisses ou O Pequeno Príncipe. É conhecer James Joyce e Antoine de Saint-Exupéry. Não é ouvir Bach, e sim conhecer o sistema temperado. Tampouco o é visitar museus de arte, mas conhecer os movimentos estéticos. Pensar fora da caixa envolve muita classificação e modelagem.

Os mais atentos devem ter percebido que isso nada mais é senão uma releitura do Mito da Caverna, de Platão. Nos acostumamos a nosso ambiente, custamos a acreditar que há algo além dele e combatemos ferozmente tudo que lhe é externo. Por isso Galileu foi levado a julgamento, Martinho Lutero foi execrado, e Giordano Bruno, queimado vivo.

Então, se você é um conformado, se é cegamente etnocêntrico, repense bem suas convicções. Talvez se descubra dentro de sua caixa.

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