Título: O Livro do Amor
Autor: Regina Navarro Lins
Editora: Best Seller
ISBN: 978-85-7684-340-5 / 978-85-7684-614-7
Apesar das visíveis mudanças que
temos presenciado nos modos como as pessoas se relacionam, podemos
dizer que, atualmente, o amor está em voga. As crianças crescem com
a certeza de que são seres incompletos, que seu objetivo na vida é
encontrar o par perdido (e perfeito) e, caso não consigam,
entregam-se à frustração por ter falhado em sua passagem pela
terra. Pessoas pela metade, inacabadas, confiam a própria felicidade
à dependência que nutrem por alguém. Desse modo, cometem erros
cegos, mergulham na amargura e não poucas vezes desperdiçam anos
preciosos de suas vidas.
Embora hoje isso seja uma verdade
praticamente ululante, será que o amor sempre desfrutou de tamanho
prestígio? Como será que os povos antigos de civilizações
distantes encaravam as relações de paixão, amor e sexo? Regina
Navarro Lins nos traz algumas respostas em O Livro do Amor (obra em
dois volumes). O objetivo da autora é retratar ao máximo como as
relações afetivas eram encaradas nos séculos anteriores. Cada
capítulo abrange um período (pré-história, antiguidade, idade
média, etc.) e, ao final de cada um deles, há uma seção de links,
onde é realizada
uma análise das influências e contrastes daquela era e a nossa. A
pesquisa foi muito bem realizada e o panorama histórico é rico em
detalhes.
Para
a maioria das pessoas, é difícil acreditar que povos de outrora
tivessem
visões bastante diferentes da nossa. Grande parte de nossos
princípios e convicções são fruto da cultura em que somos
criados, absorvendo muitas vezes as regras sociais sem qualquer tipo
de questionamento. Até que ponto o social nos afeta é uma questão
delicada (inclusive muitos defendem que, como não há o ser humano
“puro”, toda nossa índole é moldada pela cultura em que estamos
imersos), mas decerto é o suficiente para pautarmos nossa conduta
segundo os paradigmas vigentes. Embora
seja um sentimento, o amor – em alguma definição, uma vez que
pode haver várias –, não está a salvo da influência da
sociedade. Por serem facilmente influenciáveis ou por seguirem
modelos ditados pela maioria a fim de se identificarem com o grupo,
as pessoas não conseguem vislumbrar outras formas de encarar e
expressar o sentimento que têm por outrem, limitando-se aos padrões
praticamente impostos a elas.
O
primeiro passo para reavaliar e mudar uma atitude é reconhecê-la, o
que se dá através da busca de conhecimento. À medida que o leitor
avança pelas páginas do livro, ele notará o quão variável pode
ser o conceito de amor. Povos de outras eras adotaram diversas
variações da forma que conhecemos hoje. Algumas podem parecer
absurdas, mas à época eram aceitas como verdades imutáveis –
assim como acreditamos que nossos conceitos são os mais acertados
possíveis. A sociedade
encontra-se em um estágio de desenvolvimento
tal que pode mesclar formas diferentes de relacionamentos,
mas o indivíduo que tentar
isso precisa ter
coragem para lidar com o incômodo que os outros sentirão. Temos
muitas armas à mão, mas entraves como preconceito, incompreensão e
hipocrisia surgem como inimigos poderosíssimos contra os quais
devemos lutar sempre.
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