É curioso o fato de as pessoas afirmarem que o que importa é ser feliz, mas cerceiam a liberdade em fazermos as escolhas para esse fim
“O que importa é ser feliz!”... Quem nunca ouviu essa frase antes? Ela é adorada pelas pessoas que pregam desapego por modelos recomendados pela sociedade, quando julgam estar quebrando paradigmas em prol da própria felicidade. Vão de encontro a preconceitos amorosos, fazem loucas viagens, correm riscos em esportes radicais e outras aventuras do gênero. Não são poucas as pessoas que mantêm o bordão sob a manga da camisa, prontas para sacá-lo sempre que alguém quiser duvidar de sua felicidade. Claro, o que importa é ser feliz.
De fato, ser feliz é o que importa –
os filósofos gregos já falavam isso. A busca de toda a vida seria a
felicidade – e nunca se chegou a um consenso sobre como alcançá-la.
As pessoas que invocam essa frase estão certíssimas nesse sentido.
O decepcionante é que a maioria delas a usa apenas em benefício
próprio, ignorando que os outros também possam ser felizes à sua
maneira. Pior: elas pregam que o importante é ser feliz, mas desde
que se escolha uma dentre umas poucas opções possíveis. Não são
as opções da maioria, mas são opções de um consenso dos
dissidentes da normalidade.
O que importa é ser feliz, escolhendo
o curso superior de sua vontade, mas você não pode ser feliz sem
ter um curso superior. O que importa é ser feliz, não importando a
idade de seu companheiro amoroso, mas não dá pra ser feliz sem ter
ninguém. O que importa é ser feliz, tendo uma religião cool,
mas nem pensar abraçar uma fé desconhecida. O que importa é ser
feliz, ouvindo um estilo musical pretensioso, mas é passível de
agressão aquele que curte um estilo que não se propõe a nada.
A dificuldade em lidar com o diferente
é notória há séculos, o que não se justifica é agir com
intolerância com aqueles que decidem percorrer caminhos incomuns,
buscando apenas ser felizes. Todos têm direito a procurar o que lhes
fazem felizes, o que só pode ser feito por experimentação. Nem
sempre os modelos bem conhecidos são adequados ou suficientes para
todas as pessoas, considerando o vasto universo de individualidades
existentes. Devemos trabalhar nosso respeito pelo próximo a fim de
criarmos o hábito de ouvir e aprender com os diferentes, pois o
comum é fácil de encontrar, mas o diferente é uma preciosidade.
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