Recebi hoje
a notícia da morte do idealizador da revista semanal de maior circulação do
país. Não conheço nada em particular dele, mas conheço razoavelmente a revista,
pois já li diversos exemplares. A notícia me fez lembrar várias críticas que já
ouvi e vi a respeito desse semanário, e que, em minha concepção, chegam a ser
injustas, pois já me senti ofendido com tais ataques.
É fato que
cada publicação tem sua própria linha de pensamento, baseada em alguma
filosofia, crença ou postura política. É isso que a leva a aderir à uma
determinada bandeira ou atacar alguma causa. O texto neutro, se existe (alguns
afirmam que não, mas isso é discutível), é bastante raro e não caberia a um
informativo desse porte. Mas a diversidade de ideias é salutar e necessária.
Apenas regimes totalitaristas e sanguinários admitem apenas uma linha de
pensamento, destinando à morte ou ao desterro os simpatizantes de outras
ideias. Gostaria de saber se é esse tipo de governo que esses críticos apoiam
para o Brasil.
Percebe-se
o fim de um diálogo razoável quando alguma das partes envolvidas deixa de lado
os argumentos e parte para a ofensa pessoal. Os detratores da revista citada
acima normalmente se enquadram nesse perfil. Ora, se eu não concordo com
determinada publicação, basta não lê-la, da mesma forma que não vou a lugares
onde não gostaria de estar. Posso também argumentar ao contrário, mas não é de
bom tom atacar os leitores, até mesmo porque há uma infinidade de motivos para
que estes a leiam. É essa a mesma motivação que leva fanáticos religiosos a
mutilarem e trucidarem pessoas alheias a suas crenças, apenas por discordar
delas ou nem sequer as conhecerem.
Cumpre
lembrar que uma revista desse nível contém diversas seções, indo da política à
televisão, da música aos esportes, da economia ao glamour, entre
diversos outros assuntos. O que muita gente não quer aceitar é que se trata de
uma publicação que serve a vários propósitos, e ninguém é obrigado a ler o
periódico inteiro, mas apenas as partes que lhe interessam. É imoral difamar
todas as reportagens baseado apenas nas primeiros páginas, destinadas à
política. Devo dizer que, entre todas as revistas do tipo que já li, seus
artigos são os mais bem escritos. Nunca concordei com todas as suas opiniões, a
exemplo de sua defesa veemente dos alimentos transgênicos, os quais nunca vi
com bons olhos. Também não nutria simpatia por todos os seus colunistas, mas
alguns eram brilhantes.
A revista
pode ser acusada de ocultar informações, sem dúvida, mas onde estaria a
validade desse argumento, quando até os governos vermelhos – idolatrados por
esses mesmos críticos – evitam que se disseminem as muitas mortes promovidas
por eles, assim como a restrição total da liberdade de expressão?
A
intolerância se manifesta de várias formas, inclusive quando ânimos exaltados
acreditam que são donos da verdade, ou que existe apenas uma versão verdadeira
do mundo. Todos os fatos nunca virão de um único lado, seja por convicção ou
desconhecimento. Beber de várias fontes é o melhor caminho para diminuir a
ignorância e a visão parcial de tudo quanto acontece no mundo. Como não leio
mais a seção de política de qualquer revista que seja, creio poder julgá-las
melhor baseado em uma visão geral e não partidária.
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