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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Sugestão de leitura




     Título: Em Defesa da Comida – Um Manifesto
     Autor: Michael Pollan
     Editora: Intrínseca
     ISBN: 978-8598-078-335







Quem nunca se viu confuso diante das notícias sobre resultados de estudos sobre alimentos? Uma semana o café faz mal; na outra, é aconselhável. Ora o ovo é um vilão, ora é um heroi nutricional. Na última década, um alimento xis era celebrado por muitos; hoje, é execrado por todos. A dieta que antes era garantia de saúde agora foi condenada ao esquecimento. Esses poucos fatos servem para ilustrar o quanto a ciência da nutrição é incipiente em mensurar os reais benefícios (ou malefícios) dos alimentos. Mas, e se, de repente, não apenas esses fatos isolados estivessem equivocados? E se de repente descobríssemos que a atual dieta ocidental está apoiada sobre falsos fundamentos nutricionais? E se os alimentos que comemos diariamente na verdade estão nos tornando doentes? E se os propalados benefícios de determinada comida na verdade estão nos intoxicando? Se isso tudo de repente nos surge como verdade, haveria saída para nós?

O jornalista Michael Pollan decidiu investigar a veracidade do que nos vendem a indústria e a mídia da alimentação. O resultado de entrevistas, conversas informais, pesquisas e leitura de artigos foi compilado na obra Em Defesa da Comida – Um Manifesto. O que Pollan fez não é diferente do que uma pessoa comum faz ou poderia fazer: empreender uma jornada em busca do que se oculta sob rótulos e promessas de benefícios à saúde de alimentos industrializados. Talvez sua única vantagem em relação ao cidadão comum seja o fato de ele ser jornalista, o que lhe permitiu ter acesso a grandes nomes da área, sejam cientistas ou nutricionistas, além de farto acesso a literatura relacionada. Desse modo, seu livro nos poupa o trabalho de ir em busca de informações criteriosas, entregando-nos dados valiosos a respeito (cujas fontes, listadas ao final, podem ser consultadas pelos leitores mais interessados). Seu livro é, no mínimo, interessante.

Pollan resume seus princípios alimentares em três premissas: “Coma comida. Não em exceso. Principalmente vegetais”. Cada uma delas é desdobrada em um tópico independente. Por exemplo, ele sugere que comamos comida, o que nos remete ao questionamento: mas o que é comida? A ordenança sugere que esse simples conceito talvez não seja tão simples de depreender no mundo de hoje, com a numerosa oferta de produtos alimentícios desenvolvidos em laboratórios e preparados em indústrias de processamento. Pollan defende o retorno às origens, ou seja, substituindo o atual leque de opções disponíveis nos supermercados (a maioria artificial) pela culinária de nossos avós (ou ainda antes deles), ampliando o cardápio com a maior diversidade de vegetais possível – e, de preferência, oriundos de fazendas orgânicas.

Em seu livro, Pollan registra ainda que provavelmente o maior vilão da atualidade seja o carboidrato refinado (aquele encontrado na farinha de trigo fina, no açúcar refinado e no arroz branco), sendo o principal responsável pelas doenças crônicas da atualidade. Ele defende ainda que as dietas regionais (como a francesa, a mediterrânea) devem ser consideradas como uma combinação testada e aperfeiçoada através dos anos, por várias gerações, e não devem ser vistas através de suas partes isoladas, mas como um todo. A propósito, Pollan data o início do “nutricionismo” – e o fim da alimentação de verdade – quando a ciência começou a dissecar os alimentos em seus componentes (a fim de reconstruí-los artificialmente). Uma decisão infeliz, visto que, nesse caso, o todo é maior que a soma das partes.

O livro reflete bem a questão alimentícia nos Estados Unidos, que pode ser extendida à maioria dos países que adotaram os mesmos hábitos (Brasil incluso), conhecidos como dieta ocidental. No entanto, o Brasil parece estar em uma situação um pouco melhor, ao menos no que se refere ao consumo de junk food e semelhantes. E nossas regiões mais agrárias, como algumas localidades do Norte e Nordeste, parecem seguir uma alimentação mais nutritiva devido à diversidade das culturas regionais e ao consumo de menos produtos industrializados, o que inclui leite in natura e ovos de galinhas criadas comendo pasto.

Seguem algumas premissas propostas pelo autor a fim de balizar um consumo mais saudável:

  • Não coma nada que sua avó não reconheceria como comida
  • Evite comidas contendo ingredientes cujos nomes você não possa pronunciar
  • Não coma nada que não possa um dia apodrecer
  • Evite produtos alimentícios que aleguem vantagens para sua saúde
  • Compre comida em outros lugares [que não o supermercado], como feiras livres ou mercadinhos hortifrútis
  • Pague mais, como menos
  • Coma uma variedade maior de alimentos
  • Prefira produtos provenientes de animais que pastam
  • Cozinhe e, se puder, plante alguns itens de seu cardápio
  • Prepare suas refeições e coma apenas à mesa
  • Coma com ponderação, acompanhado, quando possível, e sempre com prazer

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