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sábado, 20 de julho de 2013

Trajetória


Me desculpe, não sou todo mundo
Me desculpe, não sou qualquer um
Vá desculpando, saí lá do fundo
e dando bem duro cheguei até aqui
Nascido maldito, cresci afastado
dos olhos dos outros, qual filho bastardo
Vivi humilhado e vendo de longe
bonitas escolas e seus estudantes
que vinham de carro e os chamavam por nome
Enquanto na minha escola de bairro
faltava de tudo, das mesas ao quadro
Os mestres, mal-pagos, brigavam com a gente
que, então inconscientes, devíamos estar
Mas vá desculpando, cresci sem esmero
às vezes chinelo não tinha no pé
Apenas a fé, companhia de graça
dizia que um dia isso ia passar
Feri minhas mãos assentando tijolo
queimei o meu rosto no sol de rachar
Passei até fome, imagine você
mas não desisti de lutar e vencer
Amigo desculpe, não sou de sua laia
Nada de graça veio até mim
Se hoje sou gente, me visto e como
foi por muito sono que eu já perdi
De dia trabalho, à noite estudo
no meu quarto escuro, em livros dormi
Quebrei a cabeça, queimei sobrancelha
mas valeu a pena se estou hoje aqui
Você me desculpe, se teve de tudo
não aproveitou nada, e hoje está aí
Não me humilhe, pois não há motivo
se cheguei mais longe, mais alto cresci
Se quer minha sombra, deita aí e descansa
mas não jogue pedras, que os frutos são meus
Se quer minha ajuda, não vejo problema
mas vê se te lembras do passado teu
Onde é que estavas quando estive em tua porta?
O que tu fizeste pra me ajudar?
Por que tu querias derrubar meu casebre?
Se era meu teto, meu tudo, meu lar?
Mas já não importa, ficou para trás
Somente o futuro eu quero seguir
Agora me deixa, não sou de teu bando
prossigo lutando, feliz em sorrir

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