Há fundamento nas críticas ao clipe King Kong do cantor Alexandre Pires? Será que é mesmo indignação contra o preconceito a origem dessas críticas?
O Brasil é pródigo em produzir músicas bobas e ridículas. Algumas acabam virando alvo de críticas de algum grupo que diz lutar contra preconceitos específicos. É o caso do clipe King Kong, protagonizado pelo cantor Alexandre Pires, tendo como convidados Mr Catra e o jogador Neymar.
O Brasil é pródigo em produzir músicas bobas e ridículas. Algumas acabam virando alvo de críticas de algum grupo que diz lutar contra preconceitos específicos. É o caso do clipe King Kong, protagonizado pelo cantor Alexandre Pires, tendo como convidados Mr Catra e o jogador Neymar.
O clipe foi criticado porque, segundo
alguns, teria tons discriminatórios a respeito da raça negra.Vi o
clipe e atesto que não há nada ali que possa ser considerado de
veio racista. Ele pode ser criticado por inúmeros motivos, menos por
esse. O clipe inicia com pessoas disfarçadas de macaco invadindo uma
mansão onde há várias mulheres de biquíni. Em um primeiro momento
elas se assustam, mas depois começam a dançar com os “macacos”.
A partir daí o vídeo não difere em nada dos demais clipes
nacionais onde abundam o mau gosto, os gestos libidinosos, fartas
insinuações sexuais e passos indecentes.
A única razão para enxergar no clipe
preconceito racial seria o fato de os próprios defensores da
moralidade associarem macacos a pessoas da raça negra. No afã de
mostrarem que se preocupam com a igualdade racial, deixaram
transparecer seus verdadeiros preconceitos. O curioso disso
tudo é que o artista principal (assim como os convidados e algumas
das dançarinas) é negro. Se fosse racista, então seria um
autopreconceito. Esse seria o ponto para buscarmos uma definição
filosófica do que seria preconceito racial. Discriminar seria um ato
de uma classe para outra? E se partisse de dentro dela? Ou seria uma
afronta de uma classe favorecida sobre outra menos favorecida? Nesse
caso, o conceito se aplicaria a um negro que discrimina outro?
Afinal, ele estaria discriminando a si também, o que os colocaria em
condições de igualdade. Não seria o caso de dar vez à expressão
¨vocês que são negros que se entendam¨? Se os próprios negros
não se manifestaram, qual a razão de levantar a bandeira por uma
luta que ninguém quer?
Esse fato lembra um outro, sempre
recorrente – mas que estranhamente não se manifestou nesse
acontecimento. Sempre que um vídeo desse naipe surge, com mulheres
desfilando sensualidade, um grupo de militantes feministas sai aos
berros reclamando de discriminação contra as mulheres. Hoje, graças
à luta das feministas de décadas passadas, as mulheres tem
liberdade de escolha sobre seus atos. Claro que não estamos na
sociedade perfeita, mas muito já foi feito. O que as feministas
atuais não querem entender é que as mulheres desses clipes não
estão ali forçadas. Estão ali porque se identificam, porque
aceitaram participar da gravação, por vulgar que seja. Não apenas
elas, mas todas as que dançam esse tipo de música o fazem por
opção. Se esse tipo de música faz sucesso, não é por imposição,
mas por que os ouvintes se identificam com ela.
Ora, até que ponto esses grupos
politicamente corretos lutarão por pessoas que não querem ser
defendidas? Afinal, de quem é essa luta? Parece que é mais um
exorcismo de preconceitos internos, uma luta por expurgá-los do que
genuína vontade de defender os outros. Parece mais algo do tipo “Ei,
não deem motivos para eu expressar meu preconceito”, ou “Parem,
não deixem patente que há mulheres frívolas”. De fato, há
várias frentes de batalha contra o preconceito. Pessoas que não
podem se defender, que precisam de ajuda. Que tal direcionar energia
para questões procedentes em vez de ficar procurando penitência
moral para falhas pessoais?
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