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terça-feira, 8 de maio de 2012

Lua cheia

O astro-rei definha
Vai dando lugar à dama-da-noite
Ele vai fazer as vezes de contra-regra
para que o espetáculo daquela seja glorioso
Vai surgindo, lentamente
Primeiro a fronte, tímida a princípio
Após, o corpo volumoso
Por fim, ergue-se confiante
Vai acariciando o mar com sua aura luminosa
Este a agradece por torná-lo sublime
um imenso espelho de luz
A assistência, cheia de expectativa,
reverencia o espetáculo em curso
Surge totalmente – enorme, brilhante, alaranjada
Os casais entreolham-se e sorriem
O beijo é abençoado pela mãe do romantismo
Sim
peca aquele que assiste a tudo isso sozinho

* * *

Já vai altaneira a prima-dona
Perpassa o véu celeste de maneira imponente
contemplando os que estão sob seu caminho
Alegram-se ao vê-la
Os jardins concorrem para receber seu acalanto
O homem que trabalha em sua vigília encontra nela uma companhia
O outro, cujo sono lhe escapa
não se contenta em vê-la disforme através do vidro
e sai a saudá-la

* * *

Dando a cada um sua dádiva
caminha sempre firme
seguindo seu trajeto
Por fim, principia a retirada de cena
acompanhada pela mudança do cenário
Porém, deixa em cada um
que assistiu a sua apresentação noturna
a esperança de seu retorno
Vivenciar novamente profundas emoções
Despede-se a mãe de toda as mulheres
e dos poetas românticos
Perde-se no azul fulgurante que retoma o céu,
e sobe noutro palco, alhures
além

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