Algumas décadas atrás um grupo de
mulheres organizaram uma série de protestos para demonstrar que
estavam insatisfeitas com o papel que a sociedade lhes dispensava,
sendo o símbolo maior dessa revolta a queima de sutiãs. Naquela
época não havia escolha: o destino certo era o casamento (em muitos
lugares, arranjado pelos pais) e a eterna vida de dona-de-casa, onde
era sua obrigação cuidar do lar e dos filhos e esperar o marido
chegar à noite.
Esse movimento ficou conhecido como
Feminismo e abriu as portas para que a mulher tivesse poder de
escolha sobre seu destino. Um reflexo de que antes ela não dispunha
dessa liberdade é o fato de não haver muitas mulheres conhecidas na
história do mundo (em todas as áreas: ciências, artes, filosofia,
etc.), pois era-lhes vetada a participação e ingresso em
universidades e atividades culturais-artísticas em geral. Muitas
coisas hoje consideradas normais eram antes vistas com maus olhos
pela sociedade. Um claro exemplo da situação da mulher nos tempos
idos é a história de Joanna D'arc: a francesa teve participação
heroica na Guerra dos Cem Anos, mas foi condenada à fogueira acusada
de bruxaria.
O Feminismo pôs abaixo muitas das
barreiras que impediam as mulheres de seguirem seus próprios
caminhos, outorgando-lhes o direito de decidir o rumo de suas vidas.
Hoje podemos ver mulheres em profissões anteriormente exclusiva de
homens, como engenharia, por exemplo. Embora
haja lutas a ganhar, muito já foi feito em favor delas.
No entanto, uma surpresa surgiu: mesmo
com o poder de esolha, muitas mulheres preferiram seguir o mesmo rumo
de antes – cuidar da casa e dos filhos. A diferença é o fato de
não terem sido obrigadas a isso. Decidiram por sua própria vontade.
Isso nos leva a uma conclusão: o papel de dona de casa nunca foi
abjeto em si, mas sim a “predestinação” a que as mulheres
estavam submissas. Naquele momento, era preciso combater o sistema
atacando-o em seu símbolo-maior: o lar. Sendo assim, milhares
partiram para o mercado de trabalho, negando a ocupação doméstica
de que eram incumbidas por natureza. Romper era preciso.
Mas semelhante a uma superfície
líquida que a princípio se agita ao receber uma gota que cai, mas
se acalma com o tempo, assim as mulheres foram se acomodando na
sociedade redesenhada por suas lutas. E não são poucas as que
preferem abrir mão de uma carreira profissional para dedicarem-se à
atividade doméstica. O Feminismo teve seu papel e sua importância
inegável na história, mas ainda há hoje as que são adeptas
ferrenhas das armas que eram úteis anos atrás, mas não hoje. O
princípio da luta não é igualar os sexos, mas destacar os direitos
devidos ao público feminino. Uma mulher de calça naquela época era
um símbolo da luta, mas hoje frequentemente é um artigo de
sensualidade – embora os homens ainda prefiram as saias. Hoje as
mulheres entendem que devem mais do que nunca ser femininas, provando
que podem valer-se de seus direitos sem abrir mão da natureza de seu
gênero.
Talvez hoje a maior luta seja interna.
Muitas mulheres aceitam tacitamente as jornadas de trabalho, sem
lutar por incluir o companheiro nas atividades domésticas e cuidado
com os filhos. Há ainda as que não incultem nos filhos homens suas
obrigações dentro de casa, criando uma pessoa que no futuro achará
estranho sua companheira querer compartilhar com ele as obrigações
de casa.
O Feminismo abriu portas. Cabe agora
às mulheres correr por uma delas e tentar ser feliz com suas
escolhas.
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