Será o MMA uma febre passageira ou um entretenimento permanente?
O esporte do momento é o MMA (Mixed
Martial Arts, ou Artes Marciais
Mistas). Ao contrário dos demais esportes apreciados
atualmente, o nível de violência é alto. Socos, chutes, lesões,
sangue, quebra de ossos, desmaios são elementos constituintes de
seus eventos. Seus defensores alegam que o antigo vale-tudo é que
era violento. Acreditam que o acréscimo de um quarto de dúzia de
regras ao antigo esporte o livra do barbarismo.
A volta em estilo glamourizado dos
esportes agressivos (no mais literal sentido da palavra) revela nossa
apreciação pela violência, embora a queiramos bem longe de nós.
Inclusive parte do público presente nos torneios atuais era
impensável há alguns anos. São mulheres jovens, bonitas, de
família abastada, instruídas, que torcem animadamente para que os
lutadores massacrem seus oponentes, assim como faziam as romanas da
época do Coliseu. Grandes emissoras de televisão tiraram os
campeonatos do obscurantismo para oferecê-los gratuitamente aos
lares de todos os brasileiros (o que, em termos de Brasil, significa:
aprovado, regulamentado; pode fazer que é bom, é bonito).
Muitos compararão a atual aclamação
do MMA com o boxe, que já foi bastante popular – e mais violento
que a modalidade praticada hoje em dia –, rendendo uma série de
filmes, alguns famosos e lembrados até hoje. Porém, a análise que
deve ser feita aqui é mais generalizada. Ambos são esportes
violentos. Um teve sua fase áurea, houve um tempo de ausência de
esportes do tipo (que os prosadores modernos adoram chamar de hiato),
e agora temos o novo esporte da categoria.
No entanto, o mais provável é que
daqui a algum tempo ele saia um pouco – ou totalmente – dos
holofotes – talvez porque alguns se escandalizem com sua violência,
ou porque não tenhamos mais ídolos nacionais. E também é bem
certo que após outro tanto de tempo ele retorne, modificado,
aclamado novamente. Se não for ele, será outro esporte do mesmo
naipe. Pode-se apostar nisso porque podemos prever, comparando com
outras áreas, que há duas vertentes que se alternam, guardando
oposições entre si. Veja-se o caso da literatura. Os principais
movimentos podem ser agrupados em apenas dois grupos, onde cada um
nascia em oposição ao que estava em voga. De um lado, o Barroco, o
Arcadismo, o Romantismo clássico, o Parnasianismo e o Simbolismo
apoiam-se na estética rígida dos versos métricos e temas
recorrentes, comportados. Por sua vez, o Ultraromantismo, o Realismo,
o Naturalismo e o Modernismo trazem o sabor da denúncia social, dos
temas indesejados, da forma de narração livre.
Do mesmo modo, podemos encontar
exemplos no mundo da moda. Anos atrás os óculos eram montados em
grossas armações, passaram para os finos aros, e há pouco
retornaram à espessura de antes. O mesmo acontece com o tamanho das
lentes, inquietas entre enormes e pequenas. Os modelos de roupas não
ficam atrás. Calças boca-de-sino já foram moda e recentemente
ensaiaram retornar, com bem menos sucesso. Cabelos crescem e são
minimizados constantemente.
Há diversos outros exemplos, como o
design adotado pela indústria automobilística. Os carros
quadrados de antes deram lugar a formas arredondadas, mas atualmente
podemos ver um retorno às formas retas de outrora.
A razão disso muitas vezes – mas
não sempre – deve-se ao fato de uma geração almejar viver os
tempos de glória de que tanto ouvem falar por parte dos antigos.
Assim, resgatam o antigo e dão-lhe novas feições. Hoje podemos ver
a proliferação de tudo que é “retrô”, “vintage”.
Originais (vintage) ou repaginados (retrô), é como se tivéssemos
voltado um pouco no tempo.
Para os fãs de MMA que usam a frase
“ele veio para ficar”, alerto que talvez não seja bem assim. A
maioria das coisas que hoje há não vieram para ficar. Serão
substituídas em breve para renascerem mais à frente.
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