Pesquisar este blog

segunda-feira, 21 de maio de 2012

MMA, esporte duradouro?

Será o MMA uma febre passageira ou um entretenimento permanente?

O esporte do momento é o MMA (Mixed Martial Arts, ou Artes Marciais Mistas). Ao contrário dos demais esportes apreciados atualmente, o nível de violência é alto. Socos, chutes, lesões, sangue, quebra de ossos, desmaios são elementos constituintes de seus eventos. Seus defensores alegam que o antigo vale-tudo é que era violento. Acreditam que o acréscimo de um quarto de dúzia de regras ao antigo esporte o livra do barbarismo.

A volta em estilo glamourizado dos esportes agressivos (no mais literal sentido da palavra) revela nossa apreciação pela violência, embora a queiramos bem longe de nós. Inclusive parte do público presente nos torneios atuais era impensável há alguns anos. São mulheres jovens, bonitas, de família abastada, instruídas, que torcem animadamente para que os lutadores massacrem seus oponentes, assim como faziam as romanas da época do Coliseu. Grandes emissoras de televisão tiraram os campeonatos do obscurantismo para oferecê-los gratuitamente aos lares de todos os brasileiros (o que, em termos de Brasil, significa: aprovado, regulamentado; pode fazer que é bom, é bonito).

Muitos compararão a atual aclamação do MMA com o boxe, que já foi bastante popular – e mais violento que a modalidade praticada hoje em dia –, rendendo uma série de filmes, alguns famosos e lembrados até hoje. Porém, a análise que deve ser feita aqui é mais generalizada. Ambos são esportes violentos. Um teve sua fase áurea, houve um tempo de ausência de esportes do tipo (que os prosadores modernos adoram chamar de hiato), e agora temos o novo esporte da categoria.

No entanto, o mais provável é que daqui a algum tempo ele saia um pouco – ou totalmente – dos holofotes – talvez porque alguns se escandalizem com sua violência, ou porque não tenhamos mais ídolos nacionais. E também é bem certo que após outro tanto de tempo ele retorne, modificado, aclamado novamente. Se não for ele, será outro esporte do mesmo naipe. Pode-se apostar nisso porque podemos prever, comparando com outras áreas, que há duas vertentes que se alternam, guardando oposições entre si. Veja-se o caso da literatura. Os principais movimentos podem ser agrupados em apenas dois grupos, onde cada um nascia em oposição ao que estava em voga. De um lado, o Barroco, o Arcadismo, o Romantismo clássico, o Parnasianismo e o Simbolismo apoiam-se na estética rígida dos versos métricos e temas recorrentes, comportados. Por sua vez, o Ultraromantismo, o Realismo, o Naturalismo e o Modernismo trazem o sabor da denúncia social, dos temas indesejados, da forma de narração livre.

Do mesmo modo, podemos encontar exemplos no mundo da moda. Anos atrás os óculos eram montados em grossas armações, passaram para os finos aros, e há pouco retornaram à espessura de antes. O mesmo acontece com o tamanho das lentes, inquietas entre enormes e pequenas. Os modelos de roupas não ficam atrás. Calças boca-de-sino já foram moda e recentemente ensaiaram retornar, com bem menos sucesso. Cabelos crescem e são minimizados constantemente.

Há diversos outros exemplos, como o design adotado pela indústria automobilística. Os carros quadrados de antes deram lugar a formas arredondadas, mas atualmente podemos ver um retorno às formas retas de outrora.

A razão disso muitas vezes – mas não sempre – deve-se ao fato de uma geração almejar viver os tempos de glória de que tanto ouvem falar por parte dos antigos. Assim, resgatam o antigo e dão-lhe novas feições. Hoje podemos ver a proliferação de tudo que é “retrô”, “vintage”. Originais (vintage) ou repaginados (retrô), é como se tivéssemos voltado um pouco no tempo.

Para os fãs de MMA que usam a frase “ele veio para ficar”, alerto que talvez não seja bem assim. A maioria das coisas que hoje há não vieram para ficar. Serão substituídas em breve para renascerem mais à frente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário