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quarta-feira, 25 de julho de 2012

O Homem e sua evolução (?)

O que chamamos de evolução do homem na verdade não passa de uma base  de apoio constituída de cultura, sem a qual ele retorna a sua condição primitiva

Propala-se que o Homem tem evoluído ao longo dos séculos. Diz-se que saiu do estado selvagem para a vida em sociedades organizadas como a nossa; que tornou-se culto e inteligente em contraste com o primata atrasado e ignorante de outrora. Criamos os cultos, as leis, as máquinas. Alteramos a Natureza – o curso dos rios, as formas dos frutos, a estrutura molecular. Mas será que estamos contando a história direito? Ou esse é o ponto de vista dos que se pegam deslumbrados com o progresso da raça humana? 

Talvez os fatos não se ponham dessa forma. Podemos dizer que o homem primitivo, ao principiar a descoberta da Ciência – mola propulsora de tudo quanto há, juntamente com a Arte –, percebeu um caminho a trilhar, um monte a galgar. Mas, estranhamente, ele era o responsável por construir o caminho e erguer o monte. Começou a produção do conhecimento. O modo de vida sofreu impactantes mudanças desde então: a cultura, as regras de convivência na comunidade, a comunicação.

No entanto, parecem não ter sido suficientes tantas descobertas, tantos avanços feitos em direção à modernidade e à civilização. Periodicamente irrompem hecatombes em algum lugar do mundo, provocando mortes, dor e sofrimento. É a natureza selvagem do Homem que se agita em seu interior. Vestida em seu denso sobretudo de civilidade, aflora à superfície para mostrar a condição inata da raça. A cada vez que isso ocorre, as desgraças são potencialmente maiores, pois o conhecimento produzido entre uma e outra "erupção" é utilizado como arma. É o Homem que se despe das aparências; da evolução que não ocorreu no seu interior, mas no ambiente em que vive. Vemos atualmente a tentativa de “civilizar” os conflitos, através de novas tecnologias que permitem matar mais e melhor. É o Homem em busca de apagar os vestígios de sua índole, seu rastro na História.

O Homem não evoluiu. É o mesmo que, há muitos séculos, tomou a empresa de construir uma estrada, galgar um monte. Atualmente, já vai bem longe, bem alto, mas intimamente é o mesmo. A transformação ocorreu em seus hábitos, que deram vez a atos mais comedidos; os atos brutais, esses adormeceram no interior da alma humana, aguardando sempre a época de despertar de maneira cataclísmica. Basta apenas que a estrada suma sob seus pés, ou o monte o qual encima perca sua base, para que se veja reduzido à condição primitiva, em disputas com seus semelhantes, destruindo seus irmãos. É o que acontece em grupos isolados, "primitivos", no centro de uma grande metrópole, formados por pessoas sem acesso à educação, cultura e aos meios de vida da sociedade moderna. O Homem construiu um andaime rumo ao céu, de onde olha com altivez o caminho percorrido até aquele ponto, e continua a percorrer o andaime que vai ele próprio erigindo. Mas não o fará indefinidamente. Aquele ruirá com seu próprio peso e o Homem amargará o retorno às origens após ter ido tão longe. As línguas serão novamente confundidas.

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