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domingo, 5 de agosto de 2012

Sugestão de leitura


Titulo: Uma Breve História do Mundo
Autor: Geoffrey Blayney
Editora: Fundamento
ISBN: 85-88350-77-7








A disciplina de história figura entre as menos interessantes do ensino regular, disputando com a geografia o título de mais maçante. Poucas são as pessoas que se sentem atraídas por elas. Se matérias que possuem grande aplicação prática, como matemática e química, já não despertam a atenção dos alunos, quem dirá história.

Mas um dos motivos da falta de prestígio do ensino de história deve-se ao fato de ela ser tratada como um amontoado desconexo de datas, personagens, lugares e acontecimentos alheios a nossa atual realidade. Desse modo, é vista apenas como uma história dos outros, e não como uma história da raça humana. Quem se aventurar a ler Uma Breve História do Mundo, de Geoffrey Blainey, experimentará uma sensação completamente diferente. Deixando de lado datas precisas e detalhes que mais distraem do que informam, o autor constroi magistralmente a história da humanidade desde o homem primitivo até o atual cenário tecnológico. Livre do tom formal dos livros tradicionais, que parecem apenas relatar uma cartilha com a qual não se tem intimidade, Blainey aproxima seu discurso de uma conversa informal, mas de tamanha convicção que impressiona. Mesmo perseguindo o caminho da neutralidade, por vezes é possível perceber uma crítica ligeira e inteligente.

Em Uma Breve História do Mundo, nada é desprovido de sentido. O céu não é apenas um ente da natureza, mas a cúpula salpicada de luzes que acompanhava o embevecido homem primitivo nas noites escuras, posteriormente guiando-o nos mares errantes e iluminando com sua lua cheia as colheitas noturnas – daí o surgimento natural da astronomia/astrologia e as religiões que adoram os astros. Os rios não são apenas acidentes geográficos, mas fontes naturais de vida que, além de saciar a sede, fertilizavam os solos com suas inundações periódicas, além de servir de meio de transporte aos primeiros marujos destemidos – por isso muitas civilizações se instalaram próximo a eles. Os primeiros grandes grupos de homens não sumiram misteriosamente, mas esgotaram os recursos naturais em uma época em que não detinham o conhecimento e tecnologia para melhor aproveitá-los. O milho não é apenas o cereal desconhecido das Américas, mas um produto valioso que rendia muito mais que os grãos consumidos na Europa, afastando os períodos constantes de fome. A máquina a vapor não é apenas um triunfo da engenharia, mas um meio de transportar carnes e alimentos frescos de um lugar a outro, além de permitir que as pessoas, antes fadadas a nascer e morrer em um mesmo lugar, pudessem deslocar-se a lugares distantes. O desenvolvimento das comunicações não é um simples deslumbre da vida moderna, mas um fator que diminuiu o mundo – antes isolado por acidentes naturais e longas distâncias –, constituindo-se como amarras invisíveis entre os blocos de terra que flutuam nos oceanos, reproduzindo o bloco pangeia original.

O leitor talvez sinta falta do detalhamento de algumas passagens históricas, como o império macedônico de Alexandre, o Grande, ou as Cruzadas, fatos talvez abordados mais apropriadamente em versões futuras do livro. De qualquer modo, o apanhado geral de toda a história do mundo em apenas um livro, no qual os fatos estão todos encadeados, faz o leitor se sentir vivendo aquele momento e acreditar que, no futuro, nossos dias serão contados em algum livro de história.

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