28 de Agosto, Dia Nacional do Voluntariado
A gente estuda, se esforça, faz
cursos. Enfrentamos uma universidade, batalhamos por emprego, abrimos
negócio próprio. Compramos nosso carro, adquirimos nossa casa,
realizamos a viagem dos sonhos. Mas é difícil não sentirmos uma
ligeira tristeza ao termos, quando parados no sinal de trânsito,
alguém mendigando do lado de fora do carro. Ou ver pessoas – ou
algo próximo disso – vasculhando lixo em busca de alimentos.
Doentes que poderiam ser curados caso tivessem um mínimo de
tratamento médico. Crianças que embrutecem a cada dia na ausência
da escola. Será que podemos ser completamente felizes rodeados de
tanta tristeza?
Felicidade é o que todos almejam. Nem
todos a buscam com esse título. Alguns procuram bem-estar, outros,
posses, ou mesmo um companheiro. Nem todos vão encontrá-la seguindo
esses caminhos, mas certamente continuarão a busca até se
satisfazerem. Infelizmente, há aqueles que tem por ideal de
felicidade coisas que a maioria de nós possui e muitas vezes não
damos sequer valor. Um teto, uma refeição, uma palavra de consolo,
um conselho, roupas um pouco menos surradas, a certeza de voltar vivo
para casa, uma família, ler e escrever, matar a sede, poder sorrir,
sarar uma dor.
Quando se fala em mazelas da
sociedade, logo pensamos nos extremos. Pensamos nos países
miseráveis cuja população não tem qualquer esperança de melhora.
Lembramos dos moradores de rua que acordam – quando dormem – sem
qualquer certeza do que o dia os trará. Mas às vezes nem é preciso
irmos tão longe. Às vezes basta olharmos para dentro de nossas
casas, para nossa família e perceber algum ente que precisa de um
auxílio que podemos dar.
Talvez você ache que as pessoas
padecem necessidades unicamente por não terem se esforçado o
suficiente em suas vidas. Isso pode ser verdade, desde que as
condições iniciais sejam as mesmas. Mas a verdade é que
dificilmente é. Para você, que teve acesso à educação, uma
família que lhe apoiou e orientou, conheceu pessoas que lhe
indicaram que direções seguir, a tarefa do sucesso coube unicamente
a você. Mas é fácil ser levado pela maré, o difícil é nadar
contra a correnteza. Há pessoas – muitas – que simplesmente não
têm nenhum exemplo bem-sucedido em que possam se espelhar. Têm como
destino continuar a sina de fracassos que lhes rodeiam. Esse círculo
vicioso só pode ser quebrado pela ação de uma força externa. Que
tal você ser essa força?
Talvez você relute em aceitar essa
ideia, aludindo ao fato de que tal tarefa cabe aos governantes. Sem
dúvida, é deles a maior fatia de responsabilidade, mas nem sempre
eles a assumem. Certamente eles deveriam cuidar desse problemas,
assim como não deveria haver sofrimento no mundo, os pais não
deveriam enterrar seus filhos, as doenças deveriam ser menos
agressivas e as pessoas deveriam ser boas. Não podemos simplesmente
fechar os olhos à realidade e fingir que está tudo bem, deixando as
pessoas, nossos irmãos e irmãs, sozinhas com sua penitência de
vida. Isso é a própria negação da humanidade que apenas o ser
humano possui.
Consulte a si mesmo e descubra o que
você pode fazer por alguém. Não precisa ser muito, pois o pouco
que você der será multiplicado muitas vezes pela gratidão dos que
receberem seu auxílio. Hospitais estão cheios de desconsolados.
Escolas comportam muitos alunos sem objetivo na vida. As ruas abrigam
pessoas que a cada dia se tornam um pouco menos humanas. Asilos dão
guarida a anciãos que passam pelo ocaso da vida de um modo que não
planejaram. Há lugares longínquos em que uma pequena contribuição
que você pudesse dar em dinheiro seria de grande valia –
principalmente pela conversão em suas fracas moedas locais.
Lembre-se que suas ações, boas ou más, terão um retorno, para
você e para os outros. Que tipo de retorno você quer ter? Que marca
você quer deixar no mundo?
O livro Dignidade é um bom
ponto de partida para quem pensa em voluntariado. Ele é iniciativa
da organização médico-humanitária internacional Médicos Sem
Fronteiras (MSF) – Nobel da Paz em 1999 –, instituição que
oferece serviços médicos em regiões de difícil acesso, seja em
florestas ou zonas de conflito. O livro consiste em nove histórias
redigidas por escritores conhecidos do meio literário (a exemplo de
Mario Vargas Llosa, Nobel de Literatura) que vivenciaram de perto um
projeto da MSF –
e não não cobraram cachê por isso. Cinco por cento do valor do livro é revertido para
ações do projeto. Quem sentir interesse em contribuir para essa
causa pode se tornar um doador através do site ou por telefone.
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