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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Voluntariado – porque não adianta ser feliz sozinho

28 de Agosto, Dia Nacional do Voluntariado

A gente estuda, se esforça, faz cursos. Enfrentamos uma universidade, batalhamos por emprego, abrimos negócio próprio. Compramos nosso carro, adquirimos nossa casa, realizamos a viagem dos sonhos. Mas é difícil não sentirmos uma ligeira tristeza ao termos, quando parados no sinal de trânsito, alguém mendigando do lado de fora do carro. Ou ver pessoas – ou algo próximo disso – vasculhando lixo em busca de alimentos. Doentes que poderiam ser curados caso tivessem um mínimo de tratamento médico. Crianças que embrutecem a cada dia na ausência da escola. Será que podemos ser completamente felizes rodeados de tanta tristeza?

Felicidade é o que todos almejam. Nem todos a buscam com esse título. Alguns procuram bem-estar, outros, posses, ou mesmo um companheiro. Nem todos vão encontrá-la seguindo esses caminhos, mas certamente continuarão a busca até se satisfazerem. Infelizmente, há aqueles que tem por ideal de felicidade coisas que a maioria de nós possui e muitas vezes não damos sequer valor. Um teto, uma refeição, uma palavra de consolo, um conselho, roupas um pouco menos surradas, a certeza de voltar vivo para casa, uma família, ler e escrever, matar a sede, poder sorrir, sarar uma dor.

Quando se fala em mazelas da sociedade, logo pensamos nos extremos. Pensamos nos países miseráveis cuja população não tem qualquer esperança de melhora. Lembramos dos moradores de rua que acordam – quando dormem – sem qualquer certeza do que o dia os trará. Mas às vezes nem é preciso irmos tão longe. Às vezes basta olharmos para dentro de nossas casas, para nossa família e perceber algum ente que precisa de um auxílio que podemos dar.

Talvez você ache que as pessoas padecem necessidades unicamente por não terem se esforçado o suficiente em suas vidas. Isso pode ser verdade, desde que as condições iniciais sejam as mesmas. Mas a verdade é que dificilmente é. Para você, que teve acesso à educação, uma família que lhe apoiou e orientou, conheceu pessoas que lhe indicaram que direções seguir, a tarefa do sucesso coube unicamente a você. Mas é fácil ser levado pela maré, o difícil é nadar contra a correnteza. Há pessoas – muitas – que simplesmente não têm nenhum exemplo bem-sucedido em que possam se espelhar. Têm como destino continuar a sina de fracassos que lhes rodeiam. Esse círculo vicioso só pode ser quebrado pela ação de uma força externa. Que tal você ser essa força?

Talvez você relute em aceitar essa ideia, aludindo ao fato de que tal tarefa cabe aos governantes. Sem dúvida, é deles a maior fatia de responsabilidade, mas nem sempre eles a assumem. Certamente eles deveriam cuidar desse problemas, assim como não deveria haver sofrimento no mundo, os pais não deveriam enterrar seus filhos, as doenças deveriam ser menos agressivas e as pessoas deveriam ser boas. Não podemos simplesmente fechar os olhos à realidade e fingir que está tudo bem, deixando as pessoas, nossos irmãos e irmãs, sozinhas com sua penitência de vida. Isso é a própria negação da humanidade que apenas o ser humano possui.

Consulte a si mesmo e descubra o que você pode fazer por alguém. Não precisa ser muito, pois o pouco que você der será multiplicado muitas vezes pela gratidão dos que receberem seu auxílio. Hospitais estão cheios de desconsolados. Escolas comportam muitos alunos sem objetivo na vida. As ruas abrigam pessoas que a cada dia se tornam um pouco menos humanas. Asilos dão guarida a anciãos que passam pelo ocaso da vida de um modo que não planejaram. Há lugares longínquos em que uma pequena contribuição que você pudesse dar em dinheiro seria de grande valia – principalmente pela conversão em suas fracas moedas locais. Lembre-se que suas ações, boas ou más, terão um retorno, para você e para os outros. Que tipo de retorno você quer ter? Que marca você quer deixar no mundo?



O livro Dignidade é um bom ponto de partida para quem pensa em voluntariado. Ele é iniciativa da organização médico-humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) – Nobel da Paz em 1999 –, instituição que oferece serviços médicos em regiões de difícil acesso, seja em florestas ou zonas de conflito. O livro consiste em nove histórias redigidas por escritores conhecidos do meio literário (a exemplo de Mario Vargas Llosa, Nobel de Literatura) que vivenciaram de perto um projeto da MSF –  e não não cobraram cachê por isso. Cinco por cento do valor do livro é revertido para ações do projeto. Quem sentir interesse em contribuir para essa causa pode se tornar um doador através do site ou por telefone.

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