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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Errando o alvo


É engraçado como aqui no Brasil as pessoas tem o costume de errar o alvo. Se algo não está bom, faz-se um remendo, um engodo, e pronto. Tudo resolvido. Nunca se procura a real causa do problema, de modo que ele nunca é sanado e sempre retorna. Que o diga a enorme quantia de dinheiro gasta em nossas estradas, sempre péssimas. Limitam-se a tapar buracos, às vezes até rapidamente, mas a estrutura reles é sempre a mesma.

Há alguns anos tivemos um referendo para decidirmos se queríamos continuar com o porte legal de armas. A justificativa para tantos milhões gastos nesse processo era impedir que criminosos se apoderassem de armas que foram adquiridas por cidadãos através de meios legais. Ora, todos sabem que a principal origem das armas de traficantes e bandidos é o comércio ilegal de armas contrabandeadas por unidades de segurança oficiais, como o exército e as polícias. Se dependessem das armas dos pouquíssimos cidadãos que as tem registradas eles não teriam arsenais como bazucas, lança-mísseis, granadas, submetralhadoras, fuzis, etc. Isso é armamento pesado conseguido em conluio com nossas autoridades de segurança. Esse referendo foi uma tentativa de mostrar que estavam pensando na segurança da população, quando na verdade apenas queriam tirar um direito – pouco exercido, é verdade – que temos.

Recentemente até os dicionários foram alvo da cegueira de nossos políticos. Em vez de lutarem contra a discriminação em diversas esferas, viram que era mais fácil condenar a descrição de uma palavra ofensiva no dicionário. O termo “cigano” foi considerado inadequado por, além do significado usual, também significar “aquele que trapaceia, velhaco, burlador”. Ora, um dicionário não cria léxicos, apenas descreve o que todo mundo fala. Tanto que, após o uso de um determinado novo termo cair nas graças do povo, só em uma edição futura o dicionário irá registrá-lo. Mas nosso poder democrático acredita que eliminando a descrição de tal termo no dicionário os problemas do mundo serão resolvidos. Daqui uns dias vão mandar suprimir os termos “fome”, “violência”, “roubo”, “miséria”. E quem sabe “morte”. Aí viveremos para sempre.

2 comentários:

  1. Concordo com tudo que você falou, principalmente o caso das armas e essa do dicionário então... É engraçado pensar que vão acabar com certas coisas, apenas excluindo o nome delas... Isso não é resolver, isso para mim, é fugir da situação!

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    1. Exatamente: fugir da situação. O problema é que um dia ela tera q ser resolvida... Quem estiver com a batata-quente na epoca eh q vai ter q se virar...

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