É comum a medicina do ocidente, em
suas pesquisas, confirmarem práticas descritas pelos médicos
orientais há vários anos. Às vezes trata-se até de questões que
eram tidas por lendas ou superstições. O engraçado é o
posicionamento dos ocidentais nessas situações. Assumem como se
estivessem validando o saber oriental, como se eles precisassem de um
atestado de legalidade e validade dos pesquisadores do lado de cá do
globo. Ora, seus métodos são muito mais antigos que os da sociedade
ocidental. Esta que deveria pisar com cautela nos caminhos já
percorridos por eles.
Na verdade, essa presunção não é
característica apenas da classe médica atual. Ela é compartilhada
por todo o corpo de cientistas e pesquisadores contemporâneos.
Quando diante de qualquer feito de um povo antigo, como uma grande
construção ou algo do tipo, correm a afirmar que aquele povo não
tinha conhecimento e tecnologia para realizá-lo. Ora, será que é
mais fácil afirmar isso do que agir como um cientista de verdade e
procurar elucidar como foram capazes de executar determinada obra?
Alguns chegam ao ponto de dar mais crédito a ideias como
extraterrestres ou coisa do gênero do que acreditar que os antigos
podiam realizar grandes façanhas. Isso é o que eu chamo de
presunção.
Será que só agora há pessoas
inteligentes? Será que só agora há engenharia? Será que só nos
dias de hoje há grandes cientistas? Quando olho para trás o que
vejo parece ser um movimento contrário. Parece que as pessoas de
antes eram mais brilhantes. Um desavisado duvidaria de tudo sobre o
que Aristóteles discorreu. Ele foi da biologia às artes, da
política à literatura, da ciência à teologia. E que dizer de
Diderot, editor da primeira enciclopédia? São nomes como Newton,
Poincaré, Gauss, Tales, Da Vinci, entre outros, que me põem em
dúvida se, ao contrário do que pensam nossos cientistas, não
estamos em decadência intelectual. Na verdade, nem é preciso
invocar os vultos da história. Basta observar as mães de hoje,
incapazes de ministrar cuidados básicos aos filhos sem recorrerem a
médicos e gurus. Ou pensar em como as parteiras realizavam todos os
tipos de parto e, sem ultrassom nem nada, sabiam identificar a
posição em que o feto se encontrava. Ou mesmo confirmar com os
homens do campo a forma como adivinham a variação do tempo durante
o ano.
Acredito que toda a sabedoria antiga
tem ao menos um príncipio verdadeiro. Seria interessante se nossos
intelectuais partissem dela para investigar fatos do mundo, em vez de
procurar caminhos novos que desembocam nos destinos que todos já
conhecemos.
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