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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Sabedoria dos antigos


É comum a medicina do ocidente, em suas pesquisas, confirmarem práticas descritas pelos médicos orientais há vários anos. Às vezes trata-se até de questões que eram tidas por lendas ou superstições. O engraçado é o posicionamento dos ocidentais nessas situações. Assumem como se estivessem validando o saber oriental, como se eles precisassem de um atestado de legalidade e validade dos pesquisadores do lado de cá do globo. Ora, seus métodos são muito mais antigos que os da sociedade ocidental. Esta que deveria pisar com cautela nos caminhos já percorridos por eles.

Na verdade, essa presunção não é característica apenas da classe médica atual. Ela é compartilhada por todo o corpo de cientistas e pesquisadores contemporâneos. Quando diante de qualquer feito de um povo antigo, como uma grande construção ou algo do tipo, correm a afirmar que aquele povo não tinha conhecimento e tecnologia para realizá-lo. Ora, será que é mais fácil afirmar isso do que agir como um cientista de verdade e procurar elucidar como foram capazes de executar determinada obra? Alguns chegam ao ponto de dar mais crédito a ideias como extraterrestres ou coisa do gênero do que acreditar que os antigos podiam realizar grandes façanhas. Isso é o que eu chamo de presunção.

Será que só agora há pessoas inteligentes? Será que só agora há engenharia? Será que só nos dias de hoje há grandes cientistas? Quando olho para trás o que vejo parece ser um movimento contrário. Parece que as pessoas de antes eram mais brilhantes. Um desavisado duvidaria de tudo sobre o que Aristóteles discorreu. Ele foi da biologia às artes, da política à literatura, da ciência à teologia. E que dizer de Diderot, editor da primeira enciclopédia? São nomes como Newton, Poincaré, Gauss, Tales, Da Vinci, entre outros, que me põem em dúvida se, ao contrário do que pensam nossos cientistas, não estamos em decadência intelectual. Na verdade, nem é preciso invocar os vultos da história. Basta observar as mães de hoje, incapazes de ministrar cuidados básicos aos filhos sem recorrerem a médicos e gurus. Ou pensar em como as parteiras realizavam todos os tipos de parto e, sem ultrassom nem nada, sabiam identificar a posição em que o feto se encontrava. Ou mesmo confirmar com os homens do campo a forma como adivinham a variação do tempo durante o ano.

Acredito que toda a sabedoria antiga tem ao menos um príncipio verdadeiro. Seria interessante se nossos intelectuais partissem dela para investigar fatos do mundo, em vez de procurar caminhos novos que desembocam nos destinos que todos já conhecemos.

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