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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Retorno das coisas


Há muitas pessoas que não demonstram dedicação em seus trabalhos porque recebem pouco ou não são reconhecidas. Alegam que não trabalharão para enriquecer seus patrões. Deixe-me dizer que você está equivocado. Tudo o que você faz, faz para você mesmo.

Não importa qual seja seu trabalho, faça ele bem-feito. Se você é estagiário, porteiro, vigilante, faxineiro, não importa. Algum dia você será reconhecido – pelo seu patrão ou outrem. Competência e dedicação são qualidades que se esperam em todas as atividades. Você pode ser convidado a ocupar posições melhores devido apenas a isso. Não estou dizendo que será rápido ou fácil. Mas agir de maneira correta trará benefícios diretamente a você.

O mesmo acontece com o agir honestamente. Ser justo e fazer o bem no mínimo lhe farão sentir bem. No limite, chamará os outros à consciência de que a cortesia em sociedade melhora as relações. Quando você trata bem uma pessoa que pode lhe fazer o mal, é até possível que este releve a atitude maldosa. Já vi muitos casos em que pessoas marginalizadas pediam dinheiro apenas para testar outra pessoa, ao notarem que esta possuía moedas. Caso dessem qualquer quantia, saíam ilesos. Caso contrário, sofriam leves represálias. Não estou defendendo a assistência pecuniária a vagabundos, mas não podemos defender ideais em situações insustentáveis que não surtirão efeitos – apenas colocarão em risco nossa integridade física e moral. Também já vi casos em que pessoas sofreram afrontas pessoais de pedintes apenas pelo modo rude de negarem dar-lhes dinheiro, e não pelo fato de não lhe darem algo. Ora, ninguém quer ser tratado mal. Nem mesmo os que estão à margem da sociedade. À medida que você lhes dispensa um tratamento desumano, contribui para que ele hostilize ainda mais a sociedade. Tratando-o bem, ele ainda poderá ter esperanças de uma vida melhor – que permanecerá como sonho se não houver políticas públicas e sociais que a implementem.

Um caso emblemático nesse contexto é a relação professor-aluno. Ora, qualquer trabalho desenvolvido pelo aluno não tem em vista acrescentar nada ao professor. Este já tem seu rumo e seu caminho. O destino de provas e estudos é puramente direcionado ao aluno. Tudo o que ele fizer em sua vida escolar refletirá nele. Um dia talvez ele precise do conhecimento que teve a oportunidade de aprender e deixou passar devido à facilidade em burlar o sistema de avaliação escolar. Nesse dia ele perceberá (talvez amargamente) que não enganou os mestres, mas a si mesmo.

Melhor do que ter um currículo é ter uma defesa pública de sua personalidade. Esse testemunho é dado por todas as pessoas que tiveram contato com você. Pessoas que você ajudou, pessoas a quem você estendeu a mão. Pessoas a quem você sorriu, e mesmo pessoas que precisavam de um sermão oportuno. Tudo o que você faz volta para si, em uma força maior ou menor. Ou seja, mesmo revestido do mais sincero altruísmo, suas atitudes tem um alvo certo: você.

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