Invejo os brutos
Queria imitar os leigos
Mas minha fraqueza não me
permite
Afinal, para que estudar as
ciências do mundo?
O muito estudar traz o
raciocínio
E o muito saber causa
estranhamento
Como se pode ser feliz
quando se entende uma música que se ouve?
Onde está o prazer em
decifrar uma imagem pintada por um artista?
Feliz mesmo é o indouto
que encontra prazer no
mínimo das coisas
Não que adote isso por
filosofia
mas porque tudo lhe vai bem
- Ah, que
música bonita!
- Oh, gostei
desse quadro!
Nada como um
carpe diem após o outro!
Queria não conhecer os poetas
Daria tudo para ignorar os gênios da ciência
O que será de mim nesse mundo leigo?
Ouço aplausos para um falso artista
e minhas mãos tremem em silencioso protesto
Vejo olhares alegres para um anti-herói
e desvio o meu em desaprovação
Quão sozinho estou!
Antes soubesse dessa predestinação terrível
e não teria aberto o primeiro livro
Teria regozijo em cada ajuntamento a cada esquina
e também muitos amigos
Teria tardes pachorrentas
e
lânguidas atividades
E o mundo seria bom
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