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sábado, 16 de junho de 2012

Votos

O brasileiro só consegue ser honesto em um paradoxo: a venda de votos

O brasileiro é realmente um bicho muito engraçado. E conflituoso (mais do que conflitante). Na verdade, essa “graça” é do tipo que leva à exasperação. É bem sabido que brasileiro não é chegado à honestidade (apenas a cobrá-la dos outros), é dado a falcatruas, ganha no peso e na medida. Só pra ilustrar, brasileiro fura fila, pega emprestado e não devolve, mente à beça, se apropria do alheio quando pode, frauda o imposto de renda, dá seu jeitinho sempre. Mas tem um caso particular em que ele poderia fazer qualquer uma dessas coisas, e eu não me importaria, mas justo nessa situação ele é “honesto”.

Estou falando da venda de votos. Venda ou troca – na verdade, escambo. O candidato dá alguma coisa para o eleitor, que promete que votará nele e... surpresa! Contrariando toda a lógica, ele realmente vota em seu bem-feitor. O brasilleiro usa sua sagacidade e astúcia para fazer mal ao coitado que lhe é próximo, mas para o poderoso ele se curva em fidelidade. Justamente a esse, que é o responsável por sua desgraça, ele lhe oferece obediência. Mas por quê?

O voto é secreto, mas votam como se não fosse. Agem como se pudessem ser descobertos. Claro, há a situação em que um grupo todo pode ser acusado de não ter votado em determinado candidato devido ao número de votos ser menor que a quantidade de pessoas que deveriam ter votado, como é o caso em pequenas cidades ou patrões candidatos. Mas essa não é a totalidade das situações. Inclusive porque mesmo nesses casos, não é sempre que o candidato derrotado pode fazer algo contra aqueles que não votaram nele. E mesmo nos casos em que o político não consegue se reeleger, ele terá apenas mais alguns dias de mandado, e não é de todo uma ameaça. Por que raios só nesse caso os brasileiros são “justos”?

Mas é como dizem: o rico não gosta do pobre, e esse menos ainda gosta de si.

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